Amamentação e saúde mental: como o puerpério afeta a relação com o aleitamento
- Mireille Pimenta
- 7 de mai.
- 3 min de leitura
A amamentação é um processo natural e fundamental para a saúde do bebê e da mãe. No entanto, o puerpério é marcado por intensas transformações físicas e emocionais que podem afetar a relação da mulher com o aleitamento.

A amamentação e a saúde mental materna estão intrinsecamente ligadas, a ocitocina (hormônio liberado durante a amamentação e responsável pelo reflexo de ejeção do leite) promove sentimentos de bem-estar, relaxamento e conexão com o bebê. Além disso, o sucesso na amamentação pode aumentar a autoconfiança e a sensação de competência da mãe.
No entanto, o puerpério também é um período de grande vulnerabilidade emocional. As alterações hormonais, o cansaço, a privação de sono, as dores físicas, as dificuldades de adaptação à nova rotina e as pressões sociais podem contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde mental, como depressão pós-parto e ansiedade, tais problemas emocionais podem afetar diretamente a amamentação:
Dificuldade de iniciar ou manter a amamentação: a depressão e a ansiedade podem reduzir a motivação e a energia da mãe, dificultando o estabelecimento da amamentação nos primeiros dias e a manutenção do aleitamento exclusivo nos meses seguintes.
Produção de leite insuficiente: o estresse e a ansiedade podem interferir na liberação de ocitocina, hormônio essencial para a produção e ejeção do leite.
Dor e desconforto: problemas emocionais podem aumentar a sensibilidade à dor, tornando a amamentação uma experiência desagradável e dolorosa.
Sentimentos de culpa e frustração: as dificuldades na amamentação podem gerar sentimentos de inadequação, culpa e frustração, piorando o quadro emocional da mãe.
Desmame precoce: em casos mais graves, os problemas de saúde mental podem levar ao desmame precoce, privando o bebê dos benefícios do leite materno e aumentando o sofrimento da mãe.
As dificuldades na amamentação podem ter um impacto significativo no bem-estar emocional da mãe que, somada ao próprio puerpério, pode desencadear ou agravar problemas de saúde mental. É fundamental que a mãe que enfrenta dificuldades na amamentação receba apoio e orientação adequados para lidar com o estresse e a frustração. Felizmente, existem diversos recursos de apoio disponíveis para as mães que desejam amamentar. Alguns dos principais são:
Grupos de apoio à amamentação: são espaços onde as mães podem compartilhar experiências, tirar dúvidas, receber orientações e se sentir acolhidas e compreendidas. Muitas maternidades, postos de saúde e organizações não governamentais oferecem grupos de apoio gratuitos ou a preços acessíveis.
Consultoras de amamentação: as consultoras de amamentação são profissionais certificadas que oferecem suporte individualizado às mães, ajudando-as a superar as dificuldades na amamentação, corrigir a pega do bebê, tratar problemas como dor e ingurgitamento, e promover o aleitamento materno bem-sucedido.
Bancos de leite humano: os bancos de leite humano são serviços que coletam, processam e distribuem leite materno doado por outras mães para bebês prematuros, de baixo peso ou com outras necessidades especiais. Além de fornecer leite humano, muitos bancos de leite também oferecem apoio e orientação às mães que desejam amamentar.
Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RedeBLH): é uma iniciativa do Ministério da Saúde que reúne os bancos de leite humano do Brasil e oferece informações e recursos sobre amamentação e doação de leite.
Sociedade Brasileira de Consultores em Lactação (SBCL): é uma organização que reúne e certifica consultores em lactação no Brasil.
Peça ajuda: Não hesite em pedir ajuda ao seu parceiro, à sua família, aos seus amigos e aos profissionais de saúde. Compartilhe seus sentimentos, suas dificuldades e suas necessidades. Ao buscar informações, cuidar da saúde física e emocional, pedir ajuda e utilizar os recursos de apoio disponíveis, a mãe estará investindo na sua saúde mental e no sucesso da amamentação, proporcionando o melhor para si e para o seu bebê.
Sabia que além de psicóloga perinatal eu também atuo como consultora de amentação e aleitamento materno? Vamos conversar.
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